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Burnout digital: quando a notificação adoece
Publicado em 22/09/2025 09:29
Novidades & Tecnologias

O excesso de telas e notificações afeta nossa saúde mental, causando o chamado burnout digital; especialista faz alerta

 

O celular vibra, o computador apita, a TV segue ligada ao fundo. No meio de tantas telas, notificações e demandas simultâneas, é cada vez mais comum se sentir exausto - para além do cansaço físico. Este esgotamento está cada vez mais comum e tem nome: o burnout digital.

 

O termo descreve o cansaço provocado pela hiperconexão. “São muitas demandas ao mesmo tempo, notificações constantes e a expectativa de resposta imediata. Isso gera um estresse crônico que não vem só do trabalho, mas do ambiente digital em si”, explicou o psicólogo e doutor em Psicologia José Humberto da Silva Filho (@psi.neuron) ao VIDA.

 

Diferentemente de transtornos como depressão ou ansiedade generalizada, o burnout digital piora com o excesso de estímulos online - e melhora quando há pausas, limites e reorganização do uso das telas.

 

José Humberto lembra que a tecnologia não deve ser vista como vilã, mas que é preciso reconhecer os alertas do próprio corpo e mente. Segundo ele, seis pontos merecem atenção: sono desregulado, dificuldade de foco, mudanças de humor após rolar a tela, tensão corporal, dificuldade em “desligar” e impacto no trabalho ou nas relações. “Se dois ou mais desses sinais aparecem na mesma semana, é hora de ajustar o ambiente digital. E, se persistirem, buscar ajuda profissional”.

 

Jovens mais vulneráveis

Entre os mais afetados pelo burnout digital, estão os jovens. A combinação de redes sociais projetadas para prender a atenção, pressão por curtidas e a falta de sono cria um terreno fértil para o esgotamento. “Na adolescência, o cérebro é mais sensível à aprovação social. Isso faz com que eles sintam o ‘puxão’ das notificações com mais força e tenham menos freio para resistir”, afirmou o psicólogo.

 

Mas afinal: como frear esse ciclo? Para o especialista, a chave não é a “força de vontade”, mas o redesenho do ambiente digital. “Agrupar notificações em horários fixos, criar intervalos sem telas e proteger o sono fazem diferença rapidamente”, garantiu.

 

Ele sugere, ainda, blocos de estudo ou trabalho com o celular no modo “não perturbe”, além de momentos do dia totalmente off-line, como a primeira hora da manhã e antes de dormir.

 

Mais dicas

Casos de quem conseguiu reduzir o tempo online mostram que pequenas mudanças já transformam a rotina. Limitar redes sociais a 30 minutos por dia, por exemplo, ajudou estudantes universitários a diminuírem sintomas de ansiedade e solidão, em um estudo da Universidade da Pensilvânia.

 

“O que aprendemos é que controlar o ambiente vem antes da vontade. Reduzir interrupções, estabelecer metas concretas e adotar uma dieta de conteúdo são passos mais fáceis e eficazes do que tentar simplesmente ‘sumir da Internet’”, destacou José Humberto.

 

Apesar dos alertas, é inegável que vivemos numa sociedade em que a vida digital se mistura ao trabalho, aos estudos e até ao lazer. Para o psicólogo, o desafio não é excluir a tecnologia, mas aprender a conviver com ela de forma saudável. Criar espaços de descanso e preservar o contato com atividades fora das telas são essenciais para manter o equilíbrio.

 

Mudança que vem do conjunto

O especialista ressalta, também, que essas mudanças não dependem só do indivíduo. Famílias, escolas e empresas precisam repensar os padrões de conexão para evitar a sobrecarga coletiva. “Não adianta apenas pedir que as pessoas se desconectem se os ambientes seguem exigindo respostas imediatas a qualquer hora do dia ou da noite”, observou.

 

Pactos coletivos de disponibilidade, segundo ele, podem ser um caminho eficaz para reduzir a pressão.

 

No fim das contas, cuidar da saúde mental no ambiente digital exige escolhas conscientes e ajustes constantes. A boa notícia é que, segundo José Humberto, mesmo pequenas mudanças podem gerar alívio rápido e melhorar o bem-estar. “Vale sempre se perguntar se o uso das telas está ajudando ou atrapalhando sua saúde mental, e ter coragem de ajustar quando for preciso”, finalizou.

 

(Foto: Divulgação)

Por: Gabriel Machado

 

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