Especialista destaca medidas para prevenir infecções, queimadura solar e desidratação, em meio ao calor intenso e à aglomeração típica do evento
A cidade de Parintins-AM se prepara para a 58ª edição de um dos maiores festivais folclóricos do país. Mas, enquanto a cidade se enche de cores, música e emoção, é bom lembrar que o clima quente e úmido da região, somado às longas horas de exposição ao sol e em aglomeração, exigem cuidados adicionais para manter a saúde da pele.
A dermatologista Anne Amaral, professora de pós-graduação da Afya Educação Médica, faz um alerta importante para os brincantes e turistas do Festival Folclórico de Parintins: “É preciso redobrar os cuidados com a pele, para evitar problemas como alergias, queimadura solar, brotoejas e até desidratação”. A prevenção, diz ela, é importante para poder curtir a festa bem e saudável.
Segundo a médica, infecções fúngicas, alergias de contato e a perda da hidratação natural da pele estão entre os problemas mais frequentes em eventos desse porte. “Manter a pele saudável durante o festival é tão importante quanto usar a indumentária para torcer pelo seu boi preferido. A umidade, o calor e a permanência prolongada em ambientes lotados criam condições ideais para a proliferação de bactérias e fungos”, destaca Anne, que também integra a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD).
Entre as orientações que a dermatologista considera indispensáveis estão a higiene diária, especialmente nas regiões mais propensas ao acúmulo de suor, como axilas, virilhas e entre os dedos dos pés, além da correta secagem dessas áreas para evitar a umidade excessiva. A médica também recomenda o uso de roupas leves, claras e de algodão, que ajudam a manter o corpo arejado, e calçados ventilados, com meias de algodão, além da aplicação de talco em tênis ou sapatilhas. “Compartilhar toalhas, roupas íntimas ou produtos pessoais é um erro comum que pode trazer consequências sérias para a pele”, observa.
A especialista também ressalta que a proteção contra a exposição solar deve ir além do uso pontual do protetor. Ela orienta que o produto seja reaplicado a cada duas horas, especialmente por conta do suor, e sugere o uso de roupas com proteção UV, chapéus, óculos escuros e hidratação constante com água, sucos ou água de coco. “Muita gente consome bebidas alcoólicas durante o festival, o que pode aumentar ainda mais o risco de desidratação”, adverte a médica.
Ela também cita as erupções cutâneas que podem aparecer, provocadas pelo calor e pela umidade. A médica da Afya destaca como exemplos a miliária, conhecida como brotoeja; o intertrigo, causado pelo atrito constante da pele em áreas como coxas e axilas; e as micoses, especialmente a tinea, infecção fúngica comum em regiões úmidas e abafadas. Essas condições, de acordo com a dermatologista, são favorecidas pelo excesso de suor, roupas molhadas ou sintéticas e higiene inadequada.
A médica ainda chama atenção para a foliculite, inflamação dos folículos pilosos, que pode surgir principalmente em áreas depiladas sem os devidos cuidados ou por má higienização. Segundo ela, as dermatites de contato são muitas vezes provocadas por maquiagens fora da validade, acessórios metálicos ou fantasias com tinturas e tecidos sintéticos. “Quem transpira muito deve redobrar os cuidados com a escolha dos cosméticos e evitar qualquer produto vencido ou não testado previamente. Até um simples adereço pode causar uma reação alérgica”, enfatiza.
A dermatologista alerta para um risco pouco conhecido, mas grave: a fitofotodermatose — uma queimadura causada pela combinação entre frutas cítricas e exposição ao sol. “O contato da pele com limão, laranja ou outras frutas cítricas, seguido de exposição solar, pode causar queimaduras significativas. Um simples respingo de caipirinha pode se transformar em uma lesão séria se não houver cuidado”, observa.
Cuidados redobrados – Para quem pretende aproveitar o festival com responsabilidade, Anne Amaral recomenda montar uma necessaire básica com sabonetes adequados para o corpo e rosto, hidratante corporal, protetor solar e, se possível, produtos com ingredientes antioxidantes, como ácido hialurônico e niacinamida.
A médica orienta evitar o uso de ácidos mais fortes, como os retinoides, que podem deixar a pele mais sensível ao sol e favorecer o aparecimento de manchas ou queimaduras. “Durante o festival, menos é mais”, aconselha.
A especialista reforça que, em casos de febre associada a lesões de pele, presença de pus, bolhas, descamação intensa, edemas ou queimaduras solares graves, é fundamental procurar atendimento médico. Lesões simples, como calos ou arranhões, podem evoluir para infecções sérias como celulite ou erisipela. “Já vimos casos que exigiram internação por infecções que começaram com um machucado pequeno. Por isso, qualquer agravamento deve ser avaliado por um dermatologista”, adverte.
(Foto: Governo do Amazonas)
Fonte: acritica.com
