Sepultamento será na Basílica de Santa Maria Maior.

Um novo capítulo: a transição do Papado após a morte de Francisco

Com a Igreja Católica em 'Sé Vacante', cardeais se preparam para o Conclave que elegerá o próximo líder espiritual do Vaticano

Com a morte do Papa Francisco (Jorge Mario Bergoglio), 88 anos, nesta segunda-feira (21), a igreja católica está em um período chamado de “Sé Vacante”, em português “Sem Papa”, e o camerlengo se torna o responsável por administrar o Vaticano, assim como os preparativos para o funeral do Papa após a confirmação da morte. O atual camerlengo é o cardeal irlândes Kevin Joseph Farell.

Nesse período, o clero se prepara para eleger o novo líder por meio do Conclave (‘fechado à chave’), que deve ocorrer entre 15 e 20 dias após a morte de Francisco. Em tese é estimado que a votação para eleger o novo santo padre deve iniciar entre 6 e 11 de maio. Atualmente, 135 cardeais com menos de 80 anos estão aptos a participar da eleição, sendo sete brasileiros, incluindo Dom Leonardo Steiner, 74 anos, arcebispo de Manaus.

Como ocorre o Conclave:

O Vaticano convoca todos os cardeais do mundo para compor o chamado “Colégio dos Cardeais” que possui no total 252 religiosos, mas apenas os 135 com menos de 80 anos podem votar na eleição. Os cardeais ficam confinados em uma sala dentro da “Capela Sistina” para ser eleito, um cardeal precisa receber dois terços dos votos, que são secretos e queimados após a contagem. Quatro votações ocorrem ao longo do dia, sendo duas pela manhã e duas pela tarde.

Se em três dias de Conclave a igreja continua sem um papa, ocorre uma pausa de 24 horas para orações. Antes de iniciar a votação, Colégio dos Cardeais participa de reuniões chamadas "Congregações Gerais". Nesses encontros, os religiosos votam para decidir questões governamentais da igreja católica. As congregações ocorrem diariamente e começam antes mesmo do fim do período de nove dias de missas em memória do papa falecido, chamado de Novendiales.

Durante os dias de eleição, cardeais do mundo todo ficam fechados dentro do Vaticano, em uma área conhecida como "zona de Conclave". O grupo votante também faz um juramento de segredo absoluto sobre o processo. Dentro da Capela Sistina, os sacerdotes ficam incomunicáveis - sem acesso à telefone, jornal ou tv - para não influenciar no pleito. Caso haja 34 votações sem consenso, os dois mais votados da última rodada disputarão uma espécie de "segundo turno". 

Do resultado

Ao eleger um cardeal, o colégio de cardeais votantes questiona se o eleito aceita o cargo mais alto da igreja católica. Ao concordar, o novo papa precisa escolher um nome e em seguida é levado para um cômodo chamado “Sala das Lágrimas”, onde veste as roupas papais. Esse lugar recebe esse nome porque é onde o novo santo padre chora antes de ser anunciado ao mundo.

A escolha do novo Papa é anunciada pela fumaça que sai da chaminé da Capela Sistina. Fumaça branca indica que um novo pontífice foi eleito, enquanto fumaça escura significa que a votação ainda não terminou. A fumaça é produzida pela queima dos votos dos cardeais, com substâncias químicas específicas para garantir a cor correta. Além da fumaça, o anúncio também é confirmado pelo toque dos sinos da Basílica de São Pedro.

O novo papa é anunciado à multidão que aguarda na Praça de São Pedro. O pontífice é apresentado diretamente da sacada da Basílica, onde é proclamada a famosa frase "Habemus Papam" ("Temos um Papa").

(Foto: AFP)

Robson Adriano/Agência Brasil*